Resultados do estudo
A maioria dos pacientes tinha pouca escolaridade, eram desempregados e não exerciam trabalhos formais.
Duas fases distintas para a progressão do uso de drogas foram detectadas. A primeira com drogas lícitas, em que o álcool e o tabaco foram os mais citados. Nesta fase os amigos e os familiares foram os incentivadores do uso e a busca de auto-confiança foi a razão mais apontada pelos usuários.
O inicio precoce e o forte consumo de uma ou ambas drogas foram determinantes para o inicio de uma progressão com drogas ilícitas. O uso de drogas por pelo menos um membro da família foi descrito pela maioria dos participantes.
Maconha foi a primeira droga da segunda fase. Nesta fase, a justificativa para o uso da droga foi a busca de prazer. O estudo revela que a progressão no uso de drogas até o crack parece estar mais associada a fatores externos como: disponibilidade da droga no momento do uso, influência do tráfico, campanhas de prevenção, idade de início para uso de drogas e pressão do grupo. Duas diferentes progressões foram identificadas de acordo com a idade de início para o uso: entre os jovens (< 30) a progressão foi: tabaco e o álcool, maconha, cocaína inalada e crack; e entre os mais velhos (> 30) —tabaco e o álcool, maconha, medicamento intravenoso, cocaína inalada, cocaína intravenosa e crack.
Todos os usuários tinham mais de 18 anos, mais da metade deles deixaram o ensino fundamental e ensino médio. O uso de drogas e a necessidade de trabalhar para fornecer o dinheiro para a família ou para comprar drogas foram as razões mais citadas para deixar a escola. O desemprego também esteve associado ao uso de drogas. A droga quase sempre foi a razão principal para perda do emprego. Uma outra razão relatada foi a possibilidade de envolvimento em atividades ilícitas e de ganhar o dinheiro "fácil".
Geralmente, a primeira droga foi oferecida aos entrevistados por alguém próximo a eles como parentes. O álcool e/ ou o tabaco foram mencionados como os mais freqüentes, o pai era a pessoa que tinha o consumo mais elevado. O primeiro uso realizava-se entre 10 e 13 anos, um período de forte influência da família (principalmente do pai) na vida de um menino; ou autores supuseram que o uso da droga na família fez do primeiro uso um uso menos proibido. No estudo foram detectados comentários do tipo: "um homem tem que beber”.
Alguns pesquisadores afirmam que estas drogas (álcool e tabaco) são as primeiras em uma seqüência, outros mostram que muitos adolescentes experimentam a maconha sem nunca ter usado o tabaco e o álcool antes. Os amigos também tem um papel importante nesta fase inicial do consumo do álcool e do tabaco. O sentimento de transgressão sobre o uso das drogas, mesmo sendo lícitas, tem um apelo demasiadamente forte para o adolescente recusar a oferta de um amigo. As razões para aceitar a oferta da droga quase sempre foram o “respeito” e o desejo de não decepcionar quem oferecia a droga. “Curiosidade” foi uma razão mencionada com menos freqüência para o primeiro uso de droga.
A maconha foi mencionada como a primeira droga ilícita usada por 29 entrevistados em uma amostra de 31 pessoas. Após a primeira droga ilícita, os entrevistados relataram o consumo de outras drogas (até dez tipos de droga em um caso avaliado) antes do crack. A razão para esta diversidade no consumo das drogas não está muito clara, e todos os entrevistados justificaram-no com “curiosidade para sentir novos efeitos e sensações”.
Um estudo anterior, referente ao consumo e a disponibilidade de drogas, descreveu a preferência dos negociantes de droga em São Paulo por uma fonte abundante de crack, maior do que da maconha. Isto causou uma falta de outras drogas, que conduziram muitos usuários a substituírem outras drogas pelo crack por falta de outras opções. Esta preferência em vender o crack é devido ao seu potencial aditivo elevado, ao custo baixo pela unidade (pedra) e à sua fácil manipulação. Finalmente, o lucro em curto prazo parece ser a apelação mais forte dos negociantes para espalhar o crack.
Os entrevistados abaixo de 30 anos de idade (mais novos), que começaram o consumo a mais de dez anos referiram 6 a 7 drogas diferentes em média antes do crack. Os entrevistados mais velhos começaram a usar a droga ao menos há 15 anos, tiveram uma escolha ampla de drogas. A presença das drogas alucinógenas (LSD-25), de medicações anticolinérgicas, e do uso da cocaína intravenosa pode ser identificada neste grupo. Mesmo que as classes de drogas fossem similares nos grupos mais novos e mais velhos, as drogas pertencentes as duas classes foram diferentes. Por exemplo, os inalantes foram comuns a ambos os grupos, mas a cola e o cheirinho da loló foram mais utilizados pelos mais novos e os mais velhos referiram o uso extensivo do “lança-perfume”, um solvente proibido no Brasil nos anos 1960s.
O grupo mais velho fazia uso de medicamentos administrados intravenoso, que facilitavam assim o uso da cocaína intravenosa. Os medicamentos relatados pelos mais novos não foram usados intravenosamente, para eles, o surto da AIDS e as campanhas maciças sobre os perigos da via intravenosa inibiram seu uso.
O crack foi incorporado em suas vidas como um substituto para a cocaína intravenosa,sendo uma droga de administração mais fácil, não requerendo o uso das seringas e agulhas. O LSD-25 foi relatado somente pelos mais velhos. Seu uso era interrompido devido ao seu custo e substituído, de acordo com os entrevistados mais novos, pelo chá de lírio conhecido também como o "trombeteira" (trumpeter) ou " saia branca ". Em ambos os grupos, entretanto, os usuários começaram invariavelmente a fazer uso da cocaína por via inalatória. O crack muitas vezes foi utilizado conjuntamente com outras drogas. Por exemplo, o uso do tabaco fornece as cinzas para serem queimadas com o crack. A maconha é também muito popular entre usuários do crack, porque reduz a paranóia causada pela cocaína. O álcool parece reduzir os efeitos desagradáveis e prolongar os agradáveis.
De acordo com os entrevistados a seqüência das drogas não é determinada pela preferência de uma ou outra droga. Um comportamento similar é observado entre aqueles usuários que buscam novas sensações e novos desafios, incluindo um risco aumentado no uso da droga. Deste modo, os usuários declararam a maconha como uma droga "livre de problemas” e procuraram por outras drogas que fornecem novas sensações e que geram mais riscos. Estes usuários progridem o uso da cocaína inalada para a cocaína intravenosa ou fumada. Esta busca continua até uma droga, como o crack, difícil de voltar a um uso menos problemático, isto ocorre devido à dependência e/ ou a compulsão que ocorre. Conseqüentemente, acredita-se que a identificação de uma seqüência de drogas pode ser uma ferramenta na tentativa de parar a exposição crescente dos usuários aos riscos da progressão.
A maioria dos pacientes tinha pouca escolaridade, eram desempregados e não exerciam trabalhos formais.
Duas fases distintas para a progressão do uso de drogas foram detectadas. A primeira com drogas lícitas, em que o álcool e o tabaco foram os mais citados. Nesta fase os amigos e os familiares foram os incentivadores do uso e a busca de auto-confiança foi a razão mais apontada pelos usuários.
O inicio precoce e o forte consumo de uma ou ambas drogas foram determinantes para o inicio de uma progressão com drogas ilícitas. O uso de drogas por pelo menos um membro da família foi descrito pela maioria dos participantes.
Maconha foi a primeira droga da segunda fase. Nesta fase, a justificativa para o uso da droga foi a busca de prazer. O estudo revela que a progressão no uso de drogas até o crack parece estar mais associada a fatores externos como: disponibilidade da droga no momento do uso, influência do tráfico, campanhas de prevenção, idade de início para uso de drogas e pressão do grupo. Duas diferentes progressões foram identificadas de acordo com a idade de início para o uso: entre os jovens (< 30) a progressão foi: tabaco e o álcool, maconha, cocaína inalada e crack; e entre os mais velhos (> 30) —tabaco e o álcool, maconha, medicamento intravenoso, cocaína inalada, cocaína intravenosa e crack.
Todos os usuários tinham mais de 18 anos, mais da metade deles deixaram o ensino fundamental e ensino médio. O uso de drogas e a necessidade de trabalhar para fornecer o dinheiro para a família ou para comprar drogas foram as razões mais citadas para deixar a escola. O desemprego também esteve associado ao uso de drogas. A droga quase sempre foi a razão principal para perda do emprego. Uma outra razão relatada foi a possibilidade de envolvimento em atividades ilícitas e de ganhar o dinheiro "fácil".
Geralmente, a primeira droga foi oferecida aos entrevistados por alguém próximo a eles como parentes. O álcool e/ ou o tabaco foram mencionados como os mais freqüentes, o pai era a pessoa que tinha o consumo mais elevado. O primeiro uso realizava-se entre 10 e 13 anos, um período de forte influência da família (principalmente do pai) na vida de um menino; ou autores supuseram que o uso da droga na família fez do primeiro uso um uso menos proibido. No estudo foram detectados comentários do tipo: "um homem tem que beber”.
Alguns pesquisadores afirmam que estas drogas (álcool e tabaco) são as primeiras em uma seqüência, outros mostram que muitos adolescentes experimentam a maconha sem nunca ter usado o tabaco e o álcool antes. Os amigos também tem um papel importante nesta fase inicial do consumo do álcool e do tabaco. O sentimento de transgressão sobre o uso das drogas, mesmo sendo lícitas, tem um apelo demasiadamente forte para o adolescente recusar a oferta de um amigo. As razões para aceitar a oferta da droga quase sempre foram o “respeito” e o desejo de não decepcionar quem oferecia a droga. “Curiosidade” foi uma razão mencionada com menos freqüência para o primeiro uso de droga.
A maconha foi mencionada como a primeira droga ilícita usada por 29 entrevistados em uma amostra de 31 pessoas. Após a primeira droga ilícita, os entrevistados relataram o consumo de outras drogas (até dez tipos de droga em um caso avaliado) antes do crack. A razão para esta diversidade no consumo das drogas não está muito clara, e todos os entrevistados justificaram-no com “curiosidade para sentir novos efeitos e sensações”.
Um estudo anterior, referente ao consumo e a disponibilidade de drogas, descreveu a preferência dos negociantes de droga em São Paulo por uma fonte abundante de crack, maior do que da maconha. Isto causou uma falta de outras drogas, que conduziram muitos usuários a substituírem outras drogas pelo crack por falta de outras opções. Esta preferência em vender o crack é devido ao seu potencial aditivo elevado, ao custo baixo pela unidade (pedra) e à sua fácil manipulação. Finalmente, o lucro em curto prazo parece ser a apelação mais forte dos negociantes para espalhar o crack.
Os entrevistados abaixo de 30 anos de idade (mais novos), que começaram o consumo a mais de dez anos referiram 6 a 7 drogas diferentes em média antes do crack. Os entrevistados mais velhos começaram a usar a droga ao menos há 15 anos, tiveram uma escolha ampla de drogas. A presença das drogas alucinógenas (LSD-25), de medicações anticolinérgicas, e do uso da cocaína intravenosa pode ser identificada neste grupo. Mesmo que as classes de drogas fossem similares nos grupos mais novos e mais velhos, as drogas pertencentes as duas classes foram diferentes. Por exemplo, os inalantes foram comuns a ambos os grupos, mas a cola e o cheirinho da loló foram mais utilizados pelos mais novos e os mais velhos referiram o uso extensivo do “lança-perfume”, um solvente proibido no Brasil nos anos 1960s.
O grupo mais velho fazia uso de medicamentos administrados intravenoso, que facilitavam assim o uso da cocaína intravenosa. Os medicamentos relatados pelos mais novos não foram usados intravenosamente, para eles, o surto da AIDS e as campanhas maciças sobre os perigos da via intravenosa inibiram seu uso.
O crack foi incorporado em suas vidas como um substituto para a cocaína intravenosa,sendo uma droga de administração mais fácil, não requerendo o uso das seringas e agulhas. O LSD-25 foi relatado somente pelos mais velhos. Seu uso era interrompido devido ao seu custo e substituído, de acordo com os entrevistados mais novos, pelo chá de lírio conhecido também como o "trombeteira" (trumpeter) ou " saia branca ". Em ambos os grupos, entretanto, os usuários começaram invariavelmente a fazer uso da cocaína por via inalatória. O crack muitas vezes foi utilizado conjuntamente com outras drogas. Por exemplo, o uso do tabaco fornece as cinzas para serem queimadas com o crack. A maconha é também muito popular entre usuários do crack, porque reduz a paranóia causada pela cocaína. O álcool parece reduzir os efeitos desagradáveis e prolongar os agradáveis.
De acordo com os entrevistados a seqüência das drogas não é determinada pela preferência de uma ou outra droga. Um comportamento similar é observado entre aqueles usuários que buscam novas sensações e novos desafios, incluindo um risco aumentado no uso da droga. Deste modo, os usuários declararam a maconha como uma droga "livre de problemas” e procuraram por outras drogas que fornecem novas sensações e que geram mais riscos. Estes usuários progridem o uso da cocaína inalada para a cocaína intravenosa ou fumada. Esta busca continua até uma droga, como o crack, difícil de voltar a um uso menos problemático, isto ocorre devido à dependência e/ ou a compulsão que ocorre. Conseqüentemente, acredita-se que a identificação de uma seqüência de drogas pode ser uma ferramenta na tentativa de parar a exposição crescente dos usuários aos riscos da progressão.
Obrigado
pela atenção!!!
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